Para algumas pessoas, a Bruxaria Italiana é tida como a "Velha Religião" (Vecchia Religione, em italiano), culto neopagão italiano com origens nos velhos mistérios Egeu-Mediterrâneos. A stregheria é uma religião iniciática imposta por diversos clãs, na maioria hereditários e extremamente herméticos.
Já para outras, a Stregoneria é simplesmente a prática de bruxaria de influências italianas, desvinculada de religião, já que para Bruxaria Tradicional a mesma não é considerada uma 'Religião' per se, mas sim um Ofício, uma prática de feitiçaria independente da religiosidade.
Cultos
O Culto das Streghe Neo-Pagãs centra-se na figura da Deusa Diana e seu irmão e Consorte Dianus Lucifero. Mas este Culto, deve-se deixar claro, é aquele mantido por praticantes modernos, e não correspondem a Bruxaria Italiana como um todo. Deve-se dizer ainda, como demonstrativo da variedade de práticas e pensamentos ligados a 'Stregoneria' que há muitos Stregoni e Streghe que focalizam sua prática em Santos Católicos, enquanto há outros grupos e praticantes que se focam na figura do Diabo e demônios menores. Portanto, não é possível generalizar a 'Stregoneria' como uma prática única, ou como um único Culto.
Quando feito dentro de famílias ou em grupos de práticas, os rituais da Bruxaria Italiana também buscam a cura, a fertilidade e a prevenção ou quebra do mal olhado, também conhecido como malocchio ou jetattura, bem como o amaldiçoamento de seus inimigos e feitiçaria para diversos fins, sejam benéficos ou maléficos.
Dentro das tradições das streghe ocorrem também ritos solares, obedecendo tanto às estações do ano, quanto à ciclos de plantio e colheitas nas diferentes regiões da Itália.
Segredos e práticas
Os streghe ou bruxos se reunem às noites de lua, dependendo de seu crescente ou declínio, e nos dias de sol intenso. À lua cheia são revelados os mistérios da tradição, enquanto os rituais solares são voltados para a adoração e a iluminação, e ainda o contato com a natureza, tão importante pra nós. Os elementos têm muita importância para os streghe, e uma das práticas secretas é a Arte das Transmutações, em que se utiliza o magnetismo do olhar para impregnar pessoas e coisas, como os benzedeiros chamam de "Luz nos Olhos" ou "Olhar de Fogo", para os bruxos. O Brilho do olhar pode ser usado para o bem ou mal, mas a maioria dos streghe utilizam o fogo (para libertaçao) e a água (para purificação), visualizando o corpo em questão cheio destes elementos. A stregaria também mantém contato com espíritos familiares, elementais, anjos e devas, etc., mas tudo com objetivos definidos, sejam materiais ou de desenvolvimento espiritual. Muitas tradições que se voltaram para o cristianismo mantiveram o simbolismo strega pelas gerações, e hoje constituem alguns dos principais grupos mantenedores da stregaria no Brasil. Apesar de misturada e muitas vezes enraizada no Cristianismo esotérico e no hermetismo, a stregaria mantém suas antigas tradições e rituais mediterrâneos, que morrem com os membros, mas cedo ou tarde retornam na família, através de sonhos, inspirações e até mesmo uma curiosidade.
Stregheria revelada
A Stregheria passou a ser conhecida graças ao folclorista Charles G. Leland, que no final do século XIX escreveu obras sobre o tema, entre as quais se incluem Aradia, Il Vangelo delle Streghe Italiane e Etruscan and Roman Remains in Popular Tradition. Leland conseguiu este material na Florença, onde mantinha contato com mulheres que se intitulavam Streghe (Bruxas em Italiano).
A maioria dos Clãs de Stregoneria são Politeístas, tendo um Panteão cheio de Deuses, Semi-Deuses e Raças de Espíritos, todos eles criados das deidades supremas que são Diana e Dianus Lucifero. Alguns praticantes, no entanto, mantém seu culto firmado em algumas deidades, criando com elas uma espécie de aliança, não necessariamente sendo Diana e Dianus, embora, indubitavelmente eles sejam os mais cultuados.
As bases dos mistérios Stregonesci vieram principalmente de influências Etruscas. É importante lembrar, porém, que os romanos e assim, os ítalos tiveram muito contato com outros povos, dado à posição comercial e geográfica que os privilegiou em muitos momentos da história. Desta forma, desde os celtas que viveram no norte da Itália aos cultos e tradições trazidos pelos gregos que se instalaram na Magna Grécia, na Sicilia, influenciaram muito os modos, tradições e crenças das streghe, das fazedoras de magia, de curas.
Hoje, muitos praticantes de Bruxaria Italiana têm seus cultos e crenças enraizados também no Cristianismo e na cultura judaico-cristã, pois com a conversão dos romanos, muitos deuses e seus templos e cultos ganharam esse caráter, embora não tenham perdido sua essência e importância entre os praticantes recém-convertidos. Estes são atualmente aqueles que fazem suas curas em nome de Santa Luzia, São Miguel ou São Pedro, mas com magias e rezas, além do uso de ervas, plantas e especiarias.
Animulare, Tanarra, Janare, Strie, Strighe, Borde, Magare, Majare, Cogas, Masche, Basure são palavras sinônimas para "streghe" em diversos dialetos italianos. Foram erroneamentes tidas como 'Tradições de Bruxaria', mas na verdade são apenas palavras de diversos dialetos.
Clãs e tradições de Stregheria
A Stregheria contém em si várias ramificações que são chamadas de Clãs ou Tradições. Um Clã é formado por um conjunto de regras, liturgias, mitos e práticas em comum, onde os Stregoni e Streghe estão ligados entre si pela linhagem.
Outros grupos ainda, não tem um nome específico porque se desenvolvem em regiões, como resultado das vilas daqueles locais, ou em famílias. Nem sempre as famílias abrem ou mesmo assumem suas práticas mágicas, religiosas ou espirituais, por isso são muito pouco conhecidas.
Bibliografia
Leland, Charles G., Aradia o evangelho das Bruxas
Ginzburg, Carlo, Os Andarilhos do Bem
Grimassi, Raven, Italian WItchcraft